Argolinhas com grão e cogumelos

Cheguei a casa já em cima da hora do jantar e não tinha planeado nada para cozinhar. Há dias assim. (Demasiados!) No frigo tinha grão-de-bico cozido do dia anterior. Avistei com surpresa uns cogumelos na prateleira de cima, pois não tinha sido eu a comprá-los. Das três embalagens escolhi a que tinha o prazo de validade mais curto. Calharam-me os cogumelos marron. O manjar dos deuses que acabou por ser este jantar foi assim que começou. Vendo o que tinha no frigo de forma aparentemente despreocupada. Nunca é verdadeiramente despreocupada, porque tenho sempre a preocupação de fazer o jantar rápido para que os miúdos possam deitar-se cedo. Mas foi à procura de inspiração que abri o frigorífico. E acabei por a encontrar.

Pus as mãos ao caminho. Tudo começou com grão-de-bico cozido a preencher o fundo de uma frigideira anti-aderente (com 28 cm de diâmetro). Juntei também alguma da água de cozer o grão, mas muito pouca. Depois lavei ligeiramente os cogumelos marron, em água corrente, apenas para retirar alguma terra que pudessem ter. Cortei-os em 4, ou 6 no caso dos maiores. Juntei ao grão. Cortei meia cebola doce às rodelas fininhas e juntei também. Lavei um cenoura (bio), cortei as extremidades e ralei grosseiramente. Juntei. Piquei 2 tomates secos pequenos (bio e secos ao sol). Juntei aos anteriores. Temperei com 1 colher de chá de alho em pó, 1/2 colher de chá de curcuma (açafrão), 1 colher de chá de ervas de Provence e 1/2 colher de chá de canela em pó (Hmmm, canela!). Reguei com um fio de azeite (de baixa acidez).

coloquei tudo em cru sem refogar
coloquei tudo em cru sem refogar

Nesta altura ainda não sabia qual ia ser o acompanhamento, mas tinha pensado em batatas.

Mexi muito bem até ganhar uma cor homogénea. Só depois liguei o fogão no máximo (no 9 na minha placa de indução, mas como todas são diferentes, não confiem, testem ?) até ouvir crepitar. Aí mexi novamente e tapei (com tampa de vidro que me permite ir vigiando sem precisar de abrir com frequência). 3 ou 4 minutos depois baixei a temperatura do fogão (coloquei no 6) e mantive tapado. A frigideira tinha muito pouco líquido, alguma da água de cozer o grão e nada mais, mas os cogumelos largam imensa água e a cebola também solta os seus sucos, por isso, em pouco tempo a comida já tinha molho visível, cobrindo metade do preparado. Fui mexendo de vez em quando, para evitar torrar, mas nada de muito rigoroso.

antes e depois —– não ficou linda?

Fui buscar as batatas e o mais pequeno passou por mim. «Há massa, hoje?» Ora… já estão a ver não é? Desviei-me e fui ver a gaveta das massas. Escolhi argolinhas. Faz imenso sucesso com os miúdos. Só tem um senão… Eles teimam em comer com as mãos. Quando vêem as argolas ficam felizes, mas perdem as maneiras à mesa. Cada um do seu jeito. O mais velho tenta enfiar várias em cada dente do garfo e se tiver de usar as mãos para o efeito, não se inibe. O mais novo quer fazer parecido, mas com os dedos. Não consegue, porque tem dedos maravilhosamente papudos, mas isso não o impede de tentar com afinco. Também sabe fazer com o garfo, mas onde é que está a graça?! Tenta, e todas as argolas rebentam e ele come-as assim mesmo, diretamente dos dedos.

Voltando ao acompanhamento, pus massa a cozer em água a ferver. Em 10 minutos estava pronta. Nesse tempo o molho da frigideira evaporou e a comida ficou linda, douradinha da curcuma, divinamente cheirosa da canela (nem dá para descrever, têm mesmo de experimentar!), com a cebola caramelizada e os cogumelos pequenitos. Estava maravilhosa e (literalmente) brilhante. Foi só (escorrer e) envolver a massa na frigideira, para ganhar cor e sabor.

pena não sentirem o cheirinho a canela
pena não sentirem o cheirinho a canela

No compasso de espera da massa cozer torrei uma mistura de amêndoas com e sem pele. Numa frigideira pequena, com o fogão no máximo, vigiando sempre para não queimar, porque só queremos libertar os aromas e intensificar o sabor. Piquei-as grosseiramente. Usei-as para polvilhar cada prato na hora de servir.

amêndoas ligeiramente torradas
amêndoas ligeiramente torradas

Estava realmente muito bom! E se pensarem bem, é comida muito simples. Em meia hora estava o jantar na mesa. Demora-se sempre mais tempo a lavar e a cortar os alimentos do que a cozinhá-los.

O mais velho repetiu. O mais novo lambuzou-se (esta parte eu até preferia não ter visto ?, mas é o preço a pagar pelo manjar) e eu repeti também. Eu ainda estou a dar de mamar, por isso sou uma rapariga de muito sustento (!) ?, mas não tem mal porque portei-me bem e também comi muita alface ?.

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