Brócolos ao poder!

Brócolos ao poder!

Sobre a foto de capa: o meu mais novo, nascido em finais de outubro de 2017, preferiu mamar até aos 14 meses, petiscando apenas alguns alimentos até então. Os brócolos foram o primeiro alimento que ele efetivamente mastigou e engoliu. Nesta foto tinha 8 meses. ?

Ouvimos desde sempre que devemos comer vegetais/legumes. Temos de comer os verdes «porque nos fazem bem!» Quantos de nós conseguirão dar mais razões para o consumo de vegetais, para além da fibra e da sua riqueza de nutrientes?

Talvez devêssemos argumentar com os nossos filhos com mais ciência. Dessa forma, muito provavelmente, não haveria tanta dessensibilização em relação aos benefícios de determinados alimentos. Nem mesmo entre os adultos. E podia ser que a mensagem se enraizasse e o seu consumo aumentasse e se mantivesse.

Hoje trago-vos os brócolos, da família das crucíferas. Os vegetais crucíferos são ricos em antioxidantes, vitaminas, fibras e minerais e são fundamentais numa dieta que preconiza uma alimentação saudável. Alguns dos vegetais desta família de plantas são fáceis de reconhecer porque, como o próprio nome indica, as suas flores têm uma espécie de cruz na sua superfície. No entanto, não é muito evidente em todos os vegetais desta família. Os brócolos, o agrião, a couve-flor, a rúcula, o nabo, a couve-galega, a couve-portuguesa, a couve de Bruxelas ou a couve-coração são alguns dos vegetais que fazem parte da família das crucíferas.

Os brócolos têm super-poderes. Assim como todos os vegetais que possuem sulforophane. Estes protegem o nosso cérebro, a nossa visão, o nosso corpo contra os radicais livres, impulsionam as nossas enzimas desintoxicantes e ajudam a prevenir e a tratar vários tipos de cancro (Greger 2016).

Na busca de como se escrevia este termo em português encontrei a sua definição na infopédia. Lá referem que a substância sulforofano é um «composto existente em vegetais crucíferos, como os brócolos ou a couve-flor, que estimula a produção de enzimas que anulam a ação de substâncias cancerígenas». Reparem! Não é novidade. Aparece numa definição de um dicionário de referência, mas, mesmo assim, ninguém sabe ou, se sabe, não sente e não aplica.

O investigador ainda nos diz que o sulforofano pode ajudar a proteger o nosso cérebro e a nossa visão, reduzir a inflamação nasal e gerir a diabetes tipo 2.

A capacidade dos brócolos de regeneração do fígado é extraordinária. Se comermos brócolos podemos sentir menos o efeito da cafeína do café que bebemos, porque o nosso fígado está cheio de enzimas desintoxicantes. Se sem contarmos comermos alguma comida estragada a indisposição imediata e que demora para passar pode ser mitigada pela ingestão reforçada de brócolos nos dias subsequentes.

Agora vem o truque. Há uma forma certa de se preparar/comer os alimentos da família das crucíferas, como os brócolos, para que o sulforofano seja ativado e possamos, assim, beneficiar das suas características de super-herói. Há uma enzima, a mirosinase, que só ativa o sulforofano se os brócolos forem cortados ou mastigados. E essa enzima é destruída com a cozedura, a não ser que se espere. Isto é, ou comemos estes alimentos crus, ou cortamo-los com antecedência e aguardamos antes de os cozinhar.

Especificamente, primeiro, cortamos os brócolos e deixamos cruciferar por, pelo menos, 40 minutos. Findo esse tempo podem ser cozinhados.

As crucíferas congeladas não tiveram o compasso de espera necessário para que o sulforofano fosse ativado pelo que não serve de nada esperar para preparar estes alimentos. E não teremos aqueles benefícios pela sua ingestão.

Mas não desanimem, o autor traz boas notícias para aqueles que só gostam de decidir o que vão comer na hora H. A enzima que ativa o sulforofano, presente nos brócolos, também existe na mostarda em pó. Isto quer dizer que podem salpicar os vegetais cozinhados, até os que são congelados, com mostarda em pó e ativar o sulforofano. Mas neste caso, atenção às crianças, porque vai picar!

Se preferirem batidos crus com estes alimentos (juntando uma raiz, um tipo de sementes e fruta, por exemplo), ótimo, a magia da proteção acontecerá. Se forem da equipa dos que gostam de os comer cozinhados só têm de ser organizados, mas também poderão usufruir dos seus benefícios.

Fica a sugestão: Se têm como rotina chegar a casa, dar banho aos miúdos e só depois preparar o jantar, basta mudar um pouco a ordem das coisas. Começam por cortar os vegetais, enquanto eles vão espalhando as várias peças de roupa pelo corredor até chegarem à casa de banho, se for o caso. Se forem arrumadinhos, ou mais crescidos, basta pedir para arrumarem as mochilas e as lancheiras e prepararem-se para o banho como só eles sabem e já ganharam alguns minutos para estar na cozinha. Depois do banho tomado, as crianças já podem ir brincar e os adultos continuar a preparação do jantar. Ou ainda prepará-los logo pela manhã, antes de sair de casa.

Sopa de brócolos, por exemplo, deve-se triturar primeiro, esperar e só depois cozinhar.

Espero que este artigo tenha sido útil.

Se surgirem dúvidas sou toda ouvidos. Podem usar a caixa de comentários, ou enviar-me um e-mail.

Vamos cAMinhAr juntos!

¹Greger, Michael. 2016. Como Não Morrer. Lua de papel.

² Sulforofano in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto Editora, 2003-2021. [consult. 2021-01-30 12:00:29]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/sulforafano